Sábado (25), no Quilombo Marinheiro, há 30km de Piripiri, foi realizado o V Festival Quilombola do município, organizado pelos quilombos Marinheiro, Sussuarana e Vaquejador, com o tema “Luta e Cultura no Quilombo”. A secretária de Estado das Relações Sociais (Seres), Núbia Lopes, e o diretor de Relações Sociais e Populares da Seres, Claudimir Vieira Gularte, prestigiaram o evento.
O festival contou com apresentações culturais, visitas ao Quilombo e plenárias para discutir políticas públicas para os territórios quilombolas. O Quilombo, sede do festival, desenvolve a agricultura familiar e possui liderança feminina. Na ocasião, foram celebradas a ancestralidade, a manutenção das tradições e a resistência quilombola.
A dona Maria do Carmo, da Associação da Comunidade de Marinheiro, destacou a importância do evento para o Quilombo. “A gente nunca pensou que fossem vir tantas pessoas e isso é muito importante para todo mundo daqui. Hoje, a gente está fazendo muitas reivindicações necessárias para a comunidade. Por exemplo, uma ponte para quando o rio enche, pois no inverno, a gente fica presa aqui, não dá pra passar. Outra coisa, precisamos de um colégio, porque as crianças daqui só fazem até a quarta série. Pedimos estrutura para a pessoa ficar aqui, para as crianças ficarem aqui”.
Dentre as reivindicações da comunidade, destacam-se a instalação de uma unidade de beneficiamento de farinha e outra de cana-de-açucar; capacitação para o aprimoramento do artesanato local; instalação do projeto “Quintais Produtivos”, tendo em vista a segurança alimentar das famílias; projetos para geração de renda; acesso à água de qualidade, entre outras demandas.
Para a secretária Núbia Lopes, é preciso lutar para que as comunidades quilombolas do Piauí continuem disseminando para as próximas gerações a sua cultura e suas tradições. “Estamos aqui para dar suporte e apoio na luta relacionada com a questão da agricultura familiar nas comunidades e na manutenção de uma história de vida de pessoas que sentem na pele o que é ser negro nesse estado, nesse país e nesse mundo. É com esse pertencimento e orgulho da ancestralidade deste povo que a história deve continuar. O nosso povo quer respeito, dignidade e condições para poder viver bem”, ressaltou.
A secretária destacou, ainda, o papel do Estado junto às comunidades, além da importância da luta para a manutenção da cultura e das tradições quilombolas. “A luta da comunidade ficará para as próximas gerações, por isso a importância das parcerias dos governos Federal, Estadual e Municipal na realização das políticas públicas que prospectem um futuro melhor, através do compromisso que a Secretaria assumiu como Governo, perante as comunidades”, completou Núbia Lopes.
Assunção Aguiar, superintendente de Igualdade Racial da secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), afirma que o evento cada vez ganha mais visibilidade. “Eu participo desde o primeiro festival e a gente percebe que a comunidade está, cada vez mais, consciente dos seus direitos. Com os dados do IBGE, há mais facilidade para a execução das políticas públicas. Este não é apenas um festival para mostrar sua capacidade cultural, mas é também um espaço para reivindicar as políticas públicas da saúde, da educação e de moradia”, concluiu.
Segundo o censo do IBGE (2023), o município de Piripiri tem 844 pessoas que se auto declaram quilombolas. Essas comunidades são marcadas pelas tradições culturais características dos povos quilombolas. Em Marinheiro destacam-se a Umbanda e o Reisado; em Sussuarana, a dança; em Vaquejador, o São Gonçalo e também o Reisado. As atividades agrícolas predominantes são os cultivos de mandioca e de arroz, a criação de pequenos e médios animais (aves, caprinos e ovinos), além da horticultura.
No mês da consciência negra, nada melhor que um evento para celebrar a força e resistência do povo negro, em um lugar que mostra, não só como o povo sobreviveu mas, como ele vive e prospera levando o legado de seus ancestrais.