G-20 em Teresina inova e recebe propostas da sociedade civil organizada para Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Na tarde desta segunda-feira (20), o ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a secretaria das Relações Sociais do Piauí (Seres-PI) e a sociedade civil organizada se reuniram, no auditório da Federação das Indústrias do Piauí (Fiepi), para ouvir as contribuições dos movimentos sociais e demais entidades para o combate á fome e á pobreza no mundo.

A secretária Núbia Lopes (Seres-PI) iniciou a sua fala exaltando os movimentos sociais pelo trabalho, organização, compromisso e contribuição para o desenvolvimento do Piauí e do Brasil. “Estamos recebendo as propostas relevantes para o enfrentamento e combate à fome e à pobreza. Queremos escutar as organizações que vão apresentar suas contribuições e vamos encaminhar cada uma delas, porque não podemos deixar ninguém para trás, nenhuma proposta para trás. Talvez saia daqui uma grande ideia para o processo de erradicação da pobreza no Piauí, no Brasil e no mundo, que é nosso grande sonho e que pode se tornar realidade com todos nós juntos com esse propósito”, destacou.

No momento anterior do evento, os representantes dos ministérios presentes no evento expuseram a composição da cesta de políticas públicas exitosas da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na reunião da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan). O encontro foi aberto à sociedade como parte da programação do G20 Social e antecedeu a 3ª reunião técnica da Força-Tarefa para construção da Aliança Global.

Ao abrir o evento, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, trouxe dados recentes da pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que mostram a redução da miséria e da insegurança alimentar no Piauí nas últimas duas décadas e a importância de políticas públicas, como o Bolsa Família.

“Em 20 anos, demos o maior salto desde o inicio do século, saímos de um IDH muito baixo, de 0.4 para 0.71, considerado muito alto”, comemorou Wellington Dias. “Isso significa que a qualidade de quem vive aqui hoje é outra, que as condições de nascer, crescer e viver bem estão quase duas vezes melhores do que eram há 20 anos”, completou.

Em seguida, o ministro reforçou a  importância de trabalhar em conjunto. “É por isso que estamos hoje recebendo delegações de mais de 50 países para falar de exemplos e resultados obtidos aqui no Piauí”, enfatizou. “Precisamos avançar juntos, com o que aprendemos aqui e com o muito que temos a evoluir, junto com outras 50 delegações do mundo. Não se trata de um contrato, se trata de uma Aliança Global para enfrentar a fome e a pobreza. É com essa motivação que a gente sai daqui hoje”, afirmou.

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, lembrou que, dentre as prioridades da presidência do Brasil no G20, estão o combate à fome e à desigualdade social. Além disso, falou sobre a importância que o presidente Lula deu à participação social no fórum das maiores economias globais.

“Na prática, criou-se uma terceira trilha (além da trilha de Sherpas e de Finanças do G20) que é a de participação social, o G20 Social”, comentou. “Essa reunião recebe a Caisan, com debate, diálogo e escuta, porque não há  política pública bem-sucedida sem participação da sociedade. O povo é que sabe onde estão as suas dores”, afirmou.

Na mesma linha, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, salientou a “firme decisão do presidente Lula de pautar temas sociais no G20” e em colocar a população como participante ativa do processo, inclusive com encontros fora de Brasília. “No momento em que o Brasil ocupa a presidência do G20, coloca como questão mais relevante o combate à fome, a redução da pobreza e das desigualdades. Isso já é uma inovação”, comentou. “Além disso, faz com que o G20 não seja apenas uma reunião de cúpula, mas que tenha participação da sociedade”, acrescentou.

Construção conjunta

Ao longo do evento, diversos representantes de ministérios apresentaram contribuições de suas pastas para a Aliança Global. No Ministério da Saúde, por exemplo, foi enfatizada a necessidade da realização do conjunto de direitos humanos para efetivação da alimentação plena. A pasta busca, nesse aspecto, foco em investimentos na expansão e qualificação de atendimento à saúde primária do SUS.

Além disso, o Ministério da Pesca e Aquicultura elencou contribuições para a cesta da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza: o programa Povos da Pesca Artesanal e a iniciativa Jovem Cientista da Pesca Artesanal. Já o Ministério da Agricultura e Pecuária deu ênfase no fortalecimento de cadeias produtivas, com recorte para pequenas cadeias e de agricultura familiar. Também foram citados os Planos Amazônia+Sustentável e Nordeste+Sustentável. Em um ano, governo Lula retirou 24,4 milhões da situação da fome. Programas sociais serão apresentados como experiências exitosas ao G20.

O G20 Social, que aconteceu durante toda a segunda-feira (20), é um marco histórico, pois, pela primeira vez, recebeu os anseios da sociedade civil organizada, em forma de propostas contra a fome, a pobreza e a desigualdade social. A proposta do G20 Social foi construída a partir da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com a escuta de lideranças sociais que trabalham nessa temática. Ao final, um relatório que será entregue à delegação brasileira, a quem caberá extrair as propostas que possam servir de base para aprovação e encaminhamento ao fórum do G20.

O G20, que reúne as maiores economias do mundo, tem como foco central o combate à fome e à pobreza, buscando soluções conjuntas para um problema global urgente. Durante toda a semana Teresina sedia decisões importantes para o Piauí, para o Brasil e para o mundo. O objetivo foi traçado até 2030. No mundo, 735 milhões de pessoas não têm condições de fazer as três refeições diárias, num quadro de insegurança alimentar grave. O objetivo é que cada país faça a sua parte. Essa pactuação vai nos dar um instrumento, indicando as experiências do mundo consideradas eficientes, que vão compor uma cesta de alternativas para que países mais desenvolvidos possam dar as mãos aos países mais pobres.

O governador Rafael Fonteles disse que o diferencial do evento é aproximar as 20 maiores economias do mundo da sociedade civil organizada e do povo. “No momento em que o presidente Lula coloca o social em pé de igualdade com as questões geopolíticas e econômicas, é uma demonstração inequívoca do compromisso do presidente Lula e de sua equipe de ministros com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. É uma honra para nós que esse debate seja feito no Piauí”, destacou Fonteles.

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