A Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) promoveu uma roda de conversa em alusão ao Dia das Mães, reunindo mulheres de diferentes cargos e trajetórias. O evento aconteceu no auditório da secretaria, nesta terça-feira (13), e teve como objetivo discutir as experiências e os desafios de ser mãe e mulher na sociedade.
De acordo com a secretária Rejane Tavares, o momento foi uma oportunidade para que as mulheres compartilhassem seus depoimentos e incentivassem as servidoras da SAF a falarem sobre suas vidas e experiências maternas.
“Promovemos uma roda de conversa com mulheres e trouxemos a diversidade das mães que se relacionam com nossa secretaria. Tivemos a participação de uma representante dos catadores de lata, uma mãe solteira, uma mãe atípica, agricultora e mãe de santo. Essas mulheres deram seus depoimentos e incentivaram as servidoras da SAF a falarem de suas vidas e experiências como mães. Finalizamos esse momento com uma energia muito boa e esperamos que possamos, cada vez mais, estimular o amor entre as mulheres e a compreensão das dificuldades que enfrentamos”, destacou.
A coordenadora estadual do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Sônia Maria Costa, mãe de quatro filhos, ressaltou a importância do evento como espaço de diálogo e troca de experiências.
“Foi uma alegria muito grande, enquanto mãe e agricultora, participar de um evento em um espaço que sempre está ajudando o povo da roça. É um ambiente onde conseguimos dialogar, e isso foi muito importante porque pudemos compartilhar nossas experiências como mães e agricultoras, socializando com as demais mulheres”, afirmou.
A mãe de santo Ilê Axé Obá Orum, Joelfa Farias, destacou a relevância do evento para falar sobre sua religião, a umbanda, e discutir as dificuldades de conciliar trabalho, maternidade e vida de mulher.
“Recebi a oportunidade de falar sobre minha religião, a convite da secretária, em alusão ao Dia das Mães, e compartilhei o que é ser mãe de muitos. Eu sou mãe de 60 filhos, de diversas etnias, idades, orientações sexuais e comportamentos, e não é fácil. Para muitos, já ouvi dizer que sou a única mãe que eles têm. Preciso ser mãe, psicóloga, advogada, terapeuta — e sou muito feliz. Não pude parir pelos meios convencionais, mas a espiritualidade me trouxe essa oportunidade de ser mãe de muitos. Esse evento é de suma importância, porque a mulher enfrenta uma jornada tripla. Às vezes, estamos no trabalho sem saber como conciliar a atenção com os filhos e o serviço”, relatou.
A presidente da Cooperativa de Trabalho e Economia Solidária dos Catadores de Materiais Recicláveis 3Rs (Coopcata), Márcia Alencar, mãe de dois filhos, de 30 e 24 anos, enfatizou o fortalecimento da sororidade e irmandade entre mulheres de diferentes estilos de vida.
“Foi um evento único, diferente, maravilhoso. Essa roda de conversa nos inspirou a dialogar sobre pautas e assuntos relevantes para nossas vidas e para a importância de ser mulher nessa dinâmica que o mundo impõe. Foi um momento necessário para reforçarmos essa conversa entre nós, para nós e conosco, reforçando a sororidade e irmandade, independentemente do cargo, classe social ou status. Um momento para refletirmos sobre a sociedade que precisamos construir para o fortalecimento das mulheres”, avaliou.
A superintendente de Planejamento e Gestão da Secretaria de Estado da Assistência Social (Sasc), Gisele Oliveira, mãe de uma adolescente de 14 anos com transtorno do espectro autista (TEA), nível 3, compartilhou a visão de quem convive com uma pessoa autista.
“Sou mãe de uma adolescente autista de 14 anos, com nível 3, que enfrenta dificuldades de interação social, de verbalização e de coordenação motora, mas que tem qualidades que não a limitam dentro do espectro. É importante dialogarmos e mostrar que é possível viver para além do espectro. Apesar dos desafios, é essencial entender que é um mundo diferente e que precisamos nos encaixar nele. Que as pessoas sejam mais solidárias, tenham empatia e ofereçam acolhimento, sem julgamentos”, destacou.
Por fim, a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Maria Gonçalves, mãe do pequeno Miguel, de 6 anos, falou sobre a experiência de ser mãe solteira e a importância de reconhecer os diferentes arranjos familiares.
“Compartilhei o desafio de criar um filho sem a estrutura tradicional de pai, mãe e filhos, para ressaltar que não existe um único modelo de família. As famílias são diversas e plurais. A partir desse olhar, precisamos compreender os antigos e novos arranjos familiares. Esse foi um momento de suspender o cotidiano, o trabalho, o cuidado, para refletirmos e, a partir disso, aprender e ensinar com nossas vivências”, concluiu.