Na noite de ontem (30), a Secretaria das Mulheres encerrou as atividades em alusão ao Janeiro Branco com uma roda de conversa sobre saúde mental. O encontro, conduzido pela psicóloga Luíza Martins, teve lugar na Comunidade de Terreiro Ilê Axé Obá Orun – Quilombo do Pai Zé Pretinho, com uma participação significativa dos presentes.
Entre os participantes, Yasmine Silva, filha de santo do terreiro, compartilhou suas emoções ao falar sobre suas filhas, ressaltando a importância da roda de conversa por ter conseguido se abrir, levando em conta que sempre teve dificuldade de falar em público. Por outro lado, Francisco Renan, também filho de santo, que em breve iniciará o curso superior em Educação Física, destacou seu gosto por diálogos sobre saúde mental, essa tendo sido a terceira do mês que participa, e como esses momentos de troca o impactam positivamente.
A mãe de santo da casa e gerente do Centro de Referência Francisca Trindade da SEMPI, Joelfa Farias, trouxe uma perspectiva única, explicando que a roda foi essencial em sua função de líder espiritual. “Por essa roda, eu sei agora como trabalhar espiritualmente com cada um dos meus filhos, porque entendi melhor o que os afetam”, explica Joelfa. Ela também explicou que acha importante desmistificar que somente frequentar o terreiro ajuda na questão do equilíbrio mental, quando na verdade é necessário associar as duas práticas – acompanhamento psicológico e espiritual. “Eu quero ressaltar o papel muito importante da Secretaria das Mulheres em estar visitando as casas de Axé, já que somos muito inviabilizados e muitas vezes não conseguimos acessar o sistema”, concluiu.
A roda de conversa também proporcionou uma dinâmica de caixinha de perguntas, estimulando interações e reflexões. A psicóloga Luíza Martins expressou sua satisfação com o engajamento do grupo ao falar da importância desse tipo de atividade no processo de busca por ajuda na saúde mental.
A Diretora Institucional e Ações Temáticas da SEMPI, Ianara Evangelista, destacou a relevância de abordar a saúde mental nas comunidades de terreiro, integrando o aspecto espiritual nesse diálogo. Ela sublinhou a participação ativa dos membros da comunidade e a necessidade de ampliar essas iniciativas para outras comunidades. “Trazer o indivíduo para pensar a saúde mental dentro das comunidades de terreiro é incluir o fator espiritual, é entender que o indivíduo também transita por espaços que dialogam diretamente com a espiritualidade”, explica. Ela conclui explicando que o espiritual é parte do indivíduo e precisa também de atenção.
Ao longo do mês, a SEMPI dedicou-se a ações em alusão ao Janeiro Branco, reforçando o compromisso com a saúde mental das mulheres, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade.
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