O acesso aos serviços, prevenção e enfrentamento do câncer de mama com ênfase nas pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade é o tema da segunda mesa-redonda do I Seminário Estadual de Saúde das Mulheres. O evento ainda terá mais dois debates na parte da tarde.
Contribuem para a discussão, Jeanne Ambar – advogada, fisioterapeuta e professora; Marina Leite – enfermeira que atua no consultório na rua em Teresina; e Carla Watanabe – bacharel em direito pela UnB, .
A professora Jeanne destacou como as pessoas em situação de vulnerabilidade são mais suscetíveis ao câncer de mama. Dentre elas estão as pessoas em situação de rua; LGBTQIAP+; com deficiência; não brancas, dentre outras. “Alguns dos grandes problemas são a desinformação, o espaço entre o início e a continuidade do tratamento, o diagnóstico tardio e a pouca proximidade dos profissionais de saúde com pouca proximidade nas comunidades”, enumerou.
De acordo com estudo holandês apresentado por Ambar, mulheres trans, por exemplo, têm 47 vezes mais chances de desenvolver o câncer de mama do que homens cisgênero. Esse risco estaria ligado ao uso de hormônios. Ainda que seja alta a probabilidade de mulheres trans desenvolverem a doença, mulheres cis correm risco ainda maior.
Já, Carla Watanabe, que é uma mulher trans, compartilhou parte de sua experiência de vida. Ela tratou sobre as diversas identidades sexuais e de gênero e o modo abjeto como as pessoas trans são tratadas socialmente. “Você sabe o que é chegar a uma loja, pedirem seus documentos, e quando perceberem que você é uma pessoa trans, passarem de um tratamento simpático a um tratamento ríspido? Isso já aconteceu comigo, e muitas outras situações”, disse Carla.
A enfermeira Marina Leite apresentou dados sobre o consultório na rua de Teresina. A profissional de saúde explicou que existe um estigma muito grande com as pessoas em situação de rua. “O primeiro ponto é que se trata de um público multifacetado. Há desde pessoas com transtornos mentais, a pessoas que tiveram conflitos familiares, estudantes de direito, pessoas em situação de drogadição”, disse.
Marina enfatizou que não é um público homogêneo e, às vezes, os próprios profissionais que lidam com ele não têm essa dimensão, referindo-se a eles de forma pejorativa ou com nomenclaturas que não são mais apropriadas.
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