A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) iniciou, nesta quarta-feira (10), a I Oficina de Vigilância das Micoses Endêmicas e Sistêmicas. O evento acontece no auditório do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PI), em Teresina, e reúne técnicos do Ministério da Saúde, profissionais de saúde, laboratórios e hospitais públicos e privados para discutir a implementação da rede de vigilância dessas doenças no estado.
“As micoses são infecções causadas por fungos, que podem afetar diferentes partes do corpo, inclusive os pulmões. Quando falamos em micoses oportunistas, referimo-nos a quadros em que a infecção se agrava devido a alterações no sistema metabólico do indivíduo. No Piauí, temos trabalhado nessa questão desde 2012, mas a formalização da rede de vigilância está ocorrendo agora”, explica Ivone Venâncio, supervisora de Tuberculose da Sesapi.

Entre os benefícios da implantação da rede de vigilância está a garantia de tratamento oportuno e o controle dos casos de micoses, infecções causadas por fungos. Essas doenças atingem humanos e animais, como tatus, morcegos e gatos. No Piauí, observa-se uma alta incidência de micoses, com casos coexistindo na população, motivo pelo qual é fundamental ampliar o monitoramento e reduzir os impactos na saúde pública.
“Um exemplo é a criptococose, transmitida por gatos, animais comuns em residências. Para os animais, a doença geralmente não é prejudicial, mas em humanos, a contaminação pode ser grave. A investigação e o controle dessas micoses são cruciais, pois podem afetar não apenas a pele, mas também o sistema interno. Por isso, a importância de implementar um processo de vigilância das micoses, visando proteger a saúde da população”, disse a técnica.

Uma das propostas do Ministério da Saúde é a notificação compulsória das micoses para a rede de vigilância. De acordo com a coordenadora da Sesapi, a medida busca garantir diagnóstico precoce e tratamento oportuno. “Os sinais e sintomas podem ser semelhantes aos da tuberculose, como falta de ar, febre, tosse e emagrecimento, o que dificulta o diagnóstico. A confirmação diagnóstica requer exames laboratoriais específicos”, reforçou.
Outro ponto que será debatido durante a oficina é a importância de uma abordagem integrada de “Saúde Única”, que considera a interação entre saúde humana, saúde animal e meio ambiente, como forma eficaz para combater as micoses. “Se uma pessoa invade o habitat natural de animais como o tatu, por exemplo, ela pode se contaminar por via respiratória, com possível comprometimento pulmonar”, destacou Ivone Venâncio.