SEMPI reflete sobre o rompimento de ciclos da dependência emocional resultantes da violência doméstica

No último sábado (6), um episódio de dependência emocional ocorreu no litoral piauiense, em Parnaíba, evidenciando uma realidade recorrente: uma mulher, vítima de agressão, clamava pela soltura do marido que a havia agredido. À frente da delegacia, o cenário se revelava: a dependência emocional que muitas vezes aprisiona vítimas de violência doméstica em ciclos de abuso.

Esta situação não é incomum. De acordo com uma pesquisa feita pelo Datafolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 52% das mulheres optam por não denunciar seus agressores, e a dependência emocional figura entre as razões. Esse padrão de comportamento é moldado pelo medo do abandono e pela busca incessante por manter um relacionamento, ainda que perigoso. A dependência emocional cria uma teia na mente da vítima, fazendo-a acreditar que o parceiro irá mudar ou que os problemas se resolverão por si só, o que raramente acontece. É um ciclo de autoengano no qual a saída parece inexistente.

Buscar tratamento para a dependência emocional é fundamental para romper esse ciclo de violência. A psicoterapia é uma das alternativas, pois auxilia na aceitação das limitações e na priorização do autocuidado. Além disso, fazer parte de uma rede de proteção é outra medida importante nesse processo, o que permitirá à vítima estar envolvida em grupos de apoio, contar com a assistência de profissionais qualificados e estabelecer vínculos com pessoas que possam oferecer suporte emocional.

A Lei Maria da Penha (11.340/2016) caracteriza a violência psicológica como qualquer comportamento que cause dano emocional, diminuição da autoestima ou prejudique o pleno desenvolvimento da vítima. Apesar disso, ainda há um número significativo de mulheres que não denunciam, enfrentando barreiras diversas para superar esse ciclo, longe de serem simplesmente rotuladas de “loucas”, “dependentes” ou “frágeis”. A dependência emocional cria um vínculo disfuncional onde a vítima, mesmo sofrendo abusos, silencia-se por medo de romper esse elo doentio. Este padrão de submissão emocional faz com que a mulher busque no parceiro uma forma de suprir suas carências afetivas, tornando-se refém desse relacionamento tóxico.

A perpetuação desse ciclo exige um apoio abrangente, não apenas por parte da pessoa afetada, mas de toda a sociedade civil e órgãos institucionais. O engajamento ativo de instituições, políticas públicas assertivas e o apoio de organizações dedicadas são essenciais para oferecer suporte àqueles que enfrentam essa realidade . É vital não apenas compreender, mas também oferecer suporte e orientação a essas mulheres, permitindo-as reconstruir suas vidas sem o peso da violência. A jornada rumo à independência emocional é árdua, mas essencial para romper com a violência doméstica e restaurar a dignidade e a liberdade dessas mulheres.

A SEMPI atua diretamente no enfrentamento da violência doméstica através do protocolo “Ei, mermã, não se cale”. Esse serviço oferece atendimento integral a vítimas de violência 24 horas por dia, acessível através do número 0800 000 1673, proporcionando suporte emocional, orientação e encaminhamento para assistência jurídica e psicológica. Além disso, a SEMPI desenvolve políticas públicas que visam não apenas a proteção imediata, mas também a geração de independência financeira e emocional para as mulheres, fortalecendo seu empoderamento e autonomia.

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